Nossos
antepassados tupi-guaranis chamavam Ocara a praça central de sua aldeia.
Esse
era o local do encontro. Um espaço onde cabia a dignidade de todas as pessoas.
O lugar onde se realizavam os rituais de integração da comunidade, onde viviam
momentos de decisão e celebravam seus momentos importantes.
Sim!
Houve um tempo em que, para nos proteger e proteger a integridade do coletivo,
o espírito comunitário vibrava com força entre nós humanos. Sentíamos que sem
essa conexão com os outros ficávamos muito vulneráveis e as práticas
cooperativas eram nutridas cotidianamente para selar essa liga.
Em
tempos assim, muitos povos da Terra dançavam juntos, em roda, celebrando as
passagens da vida e os ciclos da natureza: nascimento, casamento, morte, o
trabalho na semeadura, na colheita, a pescaria...Dançavam as mudanças de
estação. Dançavam em momentos de alegria, de tristeza, de gratidão, de amor e
também de medo.
Ao
longo da história humana, em nossas buscas de desenvolvimento, viemos nos
distanciado muito um dos outros. Atingimos progressos em muitas áreas mas,
enfraquecemos nossos laços comunitários.
Chegamos
ao ponto em que viver com os outros tornou-se tenso e assustador. Em que a
competição predatória entre humanos coloca em risco a vida, a cada instante.
Mas
cremos em nós, pessoas humanas e em nossas infinitas possibilidades para
recomeçar.
Por
isso buscamos alternativas.
Como
muitas outras pessoas, temos ansiado por viver dias melhores, junto com os
outros. Sentimos a ardente necessidade de conviver num mundo onde toda a vida
seja valorizada e todos possam ser vistos como dignos de respeito, pelo simples
fato de ser humanos.
Por
acreditar na capacidade humana de contribuir para um mundo mais acolhedor para
todos os seres, nos tornamos atentos para as possibilidades que nos indicassem
o como chegar aí.
Muitos
caminhos se apresentam nesse sentido mas, nosso desejo era encontrar um em que
juntos pudéssemos tornar a beleza humana tangível e ao mesmo tempo, que
funcionasse como circunstância silenciosa para desenvolver auto-observação, exercitar
nossas competências relacionais e assim promover o desabrochar de nosso melhor.
Nesta
busca descobrimos a Dança Circular dos Povos.
Foi
dançando na roda que sonhamos viver uma Ocara.